segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

POR NÃO ESTAR DISTRAÍDA....

“Depois de todas as tempestades o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro" (Caio Fernando Abreu) - Imagem: Getty Images



Aprendi...
Por Veruska Queiroz

...Que o amor quando verdadeiro nunca acaba e se acaba não era amor e muito menos verdadeiro. Mas, ainda assim, vale sempre a pena amar.
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...Que grandes e verdadeiros amigos, aqueles que te abraçam num momento difícil e, principalmente, que ficam realmente felizes com suas vitórias e vibram sinceramente e verdadeiramente com seu sucesso nunca deixarão de ser amigos, não importa a distância, os adiamentos, as possíveis impossibilidades e o tempo.

...Que colegas de faculdade, trabalho ou profissão e conhecidos ocupam uma categoria de pessoas a quem devemos respeito, consideração e agradecimento em muitos casos, e que podem até se transformar em amigos, mas geralmente são apenas o que são. E não se deve lamentar por isso. Entender essa classificação natural da vida nos faz mais leves, mais livres e, acima de tudo é sinal incontestável de inteligência e maturidade.

...Que aqueles que se fazem nossos “inimigos” são, na maioria das vezes, apenas pessoas inimigas de si mesmas, que projetam no mundo e em determinadas pessoas suas frustrações, raivas e depreciações, mais comumente de si mesmas. Pessoas em constante processo de crescimento e evolução, com projetos, metas e sonhos e em construção de suas realizações pessoal, social e profissional não perdem tempo com essas pequenezas e mediocridades.

... Que inteligência, respeito, amor genuíno, elegância, sensibilidade, amor próprio, coragem, competência, generosidade e humildade são atributos de pessoas fortes, belas e verdadeiras. Algumas pessoas jamais chegarão perto de sequer saber o que tais preciosidades significam e talvez não seja por mal... É que elas simplesmente não aprenderam a se permitir: o que uma pessoa não tem, dificilmente conseguirá oferecer.

...Que o amor, sozinho, não tem a força que imaginei. O amor precisa de vontade e de coragem. É preciso ser forte para amar. O amor precisa de risos de si mesmo, de leveza, de conversa, de sonhos juntos, de cumplicidade, de respeito com o compromisso assumido consigo mesmo nesse mundo, de tolerância mútua, de trabalho crescente e mutante das partes que escolheram partilhar suas vidas, suas alegrias, suas dúvidas, seus medos, seus vazios, suas falhas, seus erros e acertos... Mas ainda assim é a força mais poderosa do mundo.

...Que ouvir aos outros é o melhor remédio e o pior veneno, depende da dose e do momento, mas assim mesmo é um excelente exercício de convivência e civilidade...

...Que aquele que não permite o erro, a reparação, o perdão consigo e com os outros provavelmente passará a vida inteira vivendo pela metade, com medo da entrega, com medo do outro, com medo de si mesmo, medo de saber realmente quem é, medo de saborear a vida com todos os seus gostos, medo de dar a cara a tapa e ter coragem para bancar o que der e vier. E aquele que vive pela metade porque não tem coragem de bater no peito e dizer a que veio, nunca conseguirá ser alguém por inteiro e nunca conseguirá ir a lugar nenhum de verdade.

...Que vou sempre me surpreender, seja comigo mesma ou com os outros, umas vezes de maneira positiva e outras nem tanto, mas isso não deve tirar minha esperança e minha fé nas pessoas e nem as diminuir, apenas podem transformá-las aos meus olhos e eu terei de escolher e decidir o que farei com isso.

... Que vou sempre mudar, que as pessoas irão sempre mudar e que mudanças fazem parte da vida, fazem parte de se estar vivo. Nada mais enfadonho e insosso do que aquilo ou aquele que não muda, não revê suas posições. Isso não é sinal de convicção de personalidade ou de idéia, mas sim de completa falta de inteligência - também podemos pensar aqui, embora isso possa render outro texto com outras reflexões, em insegurança, covardia e incompetência... cada um que aposte suas fichas...

... Que vou errar um milhão de vezes, comigo, com os outros e com as coisas dessa vida e vou acertar outro tanto de vezes, e que também outras pessoas irão fazer o mesmo. Natural - alguém aqui se canditada a lançar a primeira pedra? - E é preciso acreditar que nesse vai e vem de erros e acertos, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, ambivalências e diferenças é que estão as chances do crescimento e amadurecimento de todos os seres. Esse é o movimento da vida e o que a torna, exatamente por isso, maravilhosamente interessante, belíssima e deliciosa de ser vivida.




“Procure a mulher dentro do vestido: se não há mulher, não há vestido”.
(Coco Chanel) - Imagem: Getty Images




A Verdadeira Elegância
Por Veruska Queiroz


Existe uma coisa dificílima e que não há como ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É a elegância que nos acompanha sempre, da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas do nosso cotidiano, principalmente quando não há ninguém por perto e não estamos cumprindo nenhum ritual social. É uma elegância natural, sem afetação, sem obrigação. É uma elegância que vai muito além de se estar conectada com as últimas tendências da moda, saber se vestir adequadamente ou saber como servir um jantar à francesa, usar de modo correto todos os talheres ou ainda usar de modo absolutamente irrepreensível todas as regras de etiqueta social.

Elegância não é conceitual, é estrutural. É algo intrínseco, é de dentro para fora, ou se nasce elegante ou jamais se será. Daí vermos aquelas pessoas apinhadas de roupas de grifes e belíssimas jóias ou aquelas fazendo lipoaspirações, liffintngs e aplicando botox quase que mensalmente, mas que não “aparecem” de jeito nenhum, não se destacam e nada destaca nelas, não brilham, porque NÃO POSSUEM ELEGÂNCIA. A pessoa realmente elegante se destaca naturalmente porque seu brilho interno, seu magnetismo pessoal transcende e ela é notada de qualquer maneira, estando impecável fisicamente ou estando em uma situação do cotidiano, sem necessariamente nenhum “glamour” ou circunstâncias específicas. É possível detectar a elegância verdadeira em pessoas que possuem aquele brilho ímpar, inconfundível e incomparável que as fazem se destacar em qualquer lugar, a qualquer hora, por toda pessoa que cruza seu caminho. Essa elegância é natural e não pode ser comprada em shoppings, lojas e joalherias nem adquirida ao longo do tempo ou em viagens pelo mundo ou em livros de etiqueta.

Quem é mesmo elegante, é... e ponto. Podemos até não saber definir porque consideramos alguém elegante, mas a elegância está lá, as pessoas sabem, porque veem.

Elegante é sorrir, é estar de bem com a vida, é aprender, é se abrir para as mudanças.
Elegante é saber rir um pouco de si mesmo e da vida. Mais cedo ou mais tarde, todo mundo acabará sendo confrontado com o fato de que a vida é uma grande passagem e não deve ser levada tão a ferro e a fogo, sob o risco de se envelhecer antes do tempo, ficar chato, sem brilho, visivelmente infeliz e enferrujar as engrenagens da leveza e da felicidade. Elegante é quem compreende esse natural movimento da vida .
Elegante é respeitar o outro, buscando compreender as mazelas e as falhas do mesmo, se abrindo para novas perspectivas em todos os sentidos, tanto quanto gostaríamos de ser entendidos e respeitados em nossas mazelas e fraquezas.
Elegante é quem É FELIZ. E não estou falando dessa felicidade banalizada, vulgarizada pelo capitalismo e disseminada pelo discurso da vida aparentemente "perfeita" e politicamente correta medida pelos sorrisos largos, soltos e amarelos de quem possui isso ou aquilo. Não. Aqui a felicidade assume um componente mais refinado, ligado à inteligência profunda, à autenticidade da essência de cada um, à veracidade da vida em si. Porque felicidade é algo construído dentro de nós, tal qual a elegância. Ou se é feliz, por algo que se tem de instigante dentro de si, por algo que pulsa constantemente, por uma busca incessante, por uma luz que transcende ou nunca se será.
Elegante é a educação. Não somente a educação das palavras ditas no dia-a-dia, mas a educação que traz consigo o entendimento da própria dinâmica da vida. A educação irmã do bom senso, do respeito ao outro, da sensibilidade e da grandeza de espírito. Mais uma vez aqui, podemos definir e ver a educação verdadeira quando não temos de ser socialmente educados, quando não há ninguém a nos olhar e lançar juízo de valor sobre nosso comportamento. Quem é educado e por isso também elegante, é educado em todos os momentos da vida, até nos mais imprevisíveis, com todas as pessoas, em qualquer situação, até mesmo e principalmente quando tudo recomendaria não ser educado. E que possamos dormir com um barulho desses...
Elegante é saber escutar, saber o momento de escutar, saber o que deve ser escutado.
Elegante é saber o momento de falar, saber o que falar e, principalmente, com quem falar, pois há os que nunca terão ouvidos de ouvir, não importa o que seja dito.
Elegante é estar aberto a posturas diferentes, a pensamentos diferentes, a pontos de vistas diferentes. Elegante é a maturidade advinda desse processo de reconhecimento de que o mundo não gira em torno do umbigo de cada um, das cambaleantes percepções e falidas certezas nossas de todo dia. Aliás, maturidade essa que é outra prova incontestável de inteligência, inclusive.

E por falar nela... Inteligência é extremamente elegante. Não confundam aqui inteligência com intelectualidade ou cultura. Isso seria muito simplório e pouquíssimo inteligente, aliás. A maior ou menor intelectualidade, às vezes, independe da vontade do indivíduo. A cultura, penso eu, é da ordem da oportunidade, circusntância e capacidade de busca, aquisição e compreensão. Mas Inteligência... ah, essa Inteligência é algo muito além de cultura ou conhecimento - esses adquiríveis - e infinitamente superior a possuir um certo Q.I (isso ainda existe?) ou a ser mais perspicaz para isso ou aquilo outro. Essa Inteligência a que me refiro é da ordem, novamente aqui, do intrínseco, da alma, da sofisticação da pessoa, que também passa bem longe do conceito de riqueza material ou coisa do gênero, como algumas pobres almas poderiam supor. E é para poucos. É para quem é realmente elegante.

Elegante é quem aprende todos os dias com tudo.
Elegante é quem aprende a desaprender.
Elegante é quem aprende a aprender de novo.
Elegante é a coragem.
Elegante é o brilho nos olhos.
Elegante é a leveza da alma.
Elegante é a vida de verdade, complexa, cheia de mistérios, mas linda, porque de verdade.
Elegante é ser de verdade.
Elegante é SER.
E, se você não compreende e não assimila o profundo sentido do que é ser elegante,
...Creio que ELEGANTE é algo que você nunca foi, não é e nunca será, nem de fato e muito menos de direito.